Tudo bem por aí?
Foi um ano intenso, não foi? Um ano de reconstrução.
Em um determinado momento de 2022 parecia que tudo estava perdido, a tensão alta, a insegurança imperava. Em 8 de janeiro passado, uma tentativa de impedir a posse do novo governo, que passou pela tentativa de explosão de um caminhão de combustível em Brasília – que não aconteceu porque, pra nossa sorte, os criminosos (hoje condenados) eram, antes de tudo, uns idiotas.
O ato terrorista culminaria com uma virada de mesa ditatorial. Seria a senha para um estado de sítio decretado por Bolsonaro. Mal sabemos como escapamos, Lula assumiu, e aqui estamos, vivos e lutando.
Usei meu jornalismo para fazer algumas modestas contribuições para manter as coisas de pé.
RESUMO DO ANO
Em janeiro, fui o primeiro jornalista e apontar que as tais “inconsistências contábeis” nas Lojas Americanas eram, na verdade, uma fraude. Falava-se em um rombo de R$ 20 bilhões. Logo depois, descobriria-mos que se tratava de quase R$ 50 bilhões – quase 10 vezes os desvios da Petrobras na Lava Jato. Ao contrário do caso da petroleira, no entanto, o escândalo não foi tratado como escândalo pela imprensa. Sabemos o motivo: as Americanas e outras empresas do grupo de Lemann, Telles e Sicupira financiam os veículos de comunicação brasileiros com milhões de reais. Compram boa publicidade.
Em abril, publiquei uma investigação sobre a Petrosix, empresa privatizada por Paulo Guedes no apagar das luzes de 2022. O que o pai da juíza Gabriela Hardt – fiel escudeira de Sergio Moro – tem a ver com um escândalo de espionagem que roubou segredos industriais da Petrobras?
A reportagem teve impacto: o presidente da Petrobras abriu investigação; entidades pediram que a CVM e o TCU fossem acionados; deputadas pediram a reestatização da fábrica. Mais tarde, descobri que a compradora da Petrosix – uma empresa estrangeira muito esquisita – havia dado um calote na Petrobras. Depois das nossas revelações, o calote foi pago. Sim: nosso jornalismo recuperou R$ 140 milhões de reais aos cofres públicos.
Em julho, com meu camarada Jamil Chade, revelamos mais podres da Lava Jato: as negociatas de Deltan Dallagnol e seus comparsas com procuradores suíços e estadunidenses para fazer uma espécie de “rachadinha” com o dinheiro das multas da Petrobras. Agora, a Polícia Federal investiga o caso, graças à nossa reportagem.
Foi também um ano de eventos, entrevistas e prêmios
Há pessoas que realmente acham que me ofendem quando me chamam de ativista. Pelo contrário: me sinto lisonjeado. Então, como ativista que sou, este ano participei de eventos em diversas cidades, com destaque para um colóquio na London School of Economics em julho em um debate com John Shipton, pai de Julian Assange, em Porto Alegre. #freeAssange
Tanto trabalho me rendeu um prêmio concedido pela CUT – fui agraciado junto com o Padre Júlio Lancelotti, com a revista Forum e com o MST.
E também como se fosse um prêmio consegui a difícil tarefa de entrevistar Roger Waters. Exclusiva no Brasil. Um sonho realizado.
O que mais?
Teve leitura crítica da imprensa, lançamento de um livro sobre as milícias e a estréia do meu programa no ICL, o Desperta, que se tornou um sucesso incrível em pouco tempo.