Essa excelente análise sobre voto envergonhado/amedrontado traz uma boa a uma má notícia. Foi publicada pela revista piauí.
A má notícia: as pessoas estão de fato com MEDO de declarar voto em Lula. Pudera. Há gente sendo morta pelo país pelo simples fato de ser de esquerda.
Dizem os autores Felipe Nunes e Frederico Batista, da Quaest Pesquisa e Consultoria.
Observamos que a proporção de eleitores de Lula que acha mais perigoso expressar o voto nesta eleição do que em eleições anteriores atinge 61%, sendo que a taxa é 10 pontos percentuais menor entre os eleitores de Bolsonaro. Tanto o medo quanto a propensão à autocensura do voto são maiores entre eleitores de Lula do que entre os de Bolsonaro. Assim, além do voto “envergonhado” – em razão da incapacidade do eleitor de Lula de expressar sua preferência num ambiente de cobrança por uma posição socialmente desejável contra a corrupção –, identificamos uma autocensura causada também pelo medo de intimidação social ou mesmo de violência.
Então vem a parte boa: pode haver um estoque de votos pró-Lula que não aparece nas pesquisas. Somando-se isso a um eventual voto útilo migrando de Ciro e Tebet, há chances reais de termiarmos a eleição já no primeiro turno. Na hora da urna, lembre-se, é só você e mais ninguém.
Os autores do artigo na piauí dão um ótimo exemplo, o caso clássico das pesquisas de opinião: o do racismo.
A primeira estratégia foi inspirada no trabalho de Lilia Schwarcz sobre o racismo brasileiro. A autora conduziu uma pesquisa de opinião na qual perguntava às pessoas se elas tinham preconceito racial e se conheciam pessoas preconceituosas. Não mais do que 3% dos entrevistados se mostraram abertamente preconceituosos, enquanto 98% disseram conhecer pessoas preconceituosas, referindo-se especificamente a amigos, parentes e vizinhos. A evidência sugere, portanto, que as pessoas se envergonham de admitir uma opinião que tende a ser reprovada publicamente, mas indicam estar cercadas por pessoas que têm tal opinião (fenômeno conhecido como “resposta com viés de desejabilidade social”).
Eles usaram essa mesma técnica no caso Lula x Bolsonaro e fizeram um levantamento. Olha no que deu: os “parente” têm intenção de voto maior em Lula.
E será que não há pessoas que não declaram voto no Ciro por medo/receio da insanidade e polarização que tomou as ruas?! Por que só isso pode ocorrer para benefício do Lula?
Li lá e li aqui. Não percebi a inclusão do medo de perder clientes, tanto de empresários quanto de profissionais liberais, por declarar voto no Lula.